Estudantes da PUCRS são vítimas de agressão por membros do DCE no RS

Publicado: 16/06/2011 em Uncategorized

Em eleição para congresso estudantil, membros do DCE da PUC agridem integrantes da oposição fisíca e até sexualmente, levando caso para delegacia, em Porto Alegre. Relatório de 2005 da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul comprova que as ameaças de violência são antigas.

Por Paula Salati

Desde a semana passada, estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC – RS) estão sendo vítimas de agressões físicas e até mesmo sexuais por parte de membros do Diretório Central dos Estudantes (DCE – PUC/RS). Tudo começou com uma eleição para tiragem de delegados para o Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (Conune). As chapas de oposição ao DCE foram impugnadas sem obter justificativas da gestão. Por conta do ocorrido, três estudantes se dirigiram ao diretório para pedir explicações legais da impugnação e foram recebidas com agressões físicas e expulsas da sede do DCE.

Desde então, surgiu na PUC o movimento 89 de junho – que começou na madrugada do dia 8 para 9 deste mês. A mobilização representou o estopim após denúncias de diversas fraudes e violência por parte do DCE, que vêm sendo relatadas há anos. Um mesmo grupo político está à frente do DCE desde 1994.

Na noite do dia 13 de junho, enquanto o DCE impedia que os alunos votassem para o Conune – inclusive por meio seguranças particulares contratados pela direção – a estudante Lola Piumato e mais alguns estudantes conseguiram entrar na sala em que ocorria a “votação”. Lola conta que então começou uma discussão que terminou em mais agressões: “sentei em uma das urnas e foi quando o secretário-geral do DCE, Alberto Flores, me abusou sexualmente, colocando as mãos em minhas partes íntimas. Logo em seguida, foram apagadas as luzes e recebi pontapés e socos na cabeça”.

Além de Lola, mais duas meninas foram agredidas. A estudante diz também que “a segurança universitária assistiu a todo episódio e nada fez”. Em nota publicada em site, a reitoria da PUC-RS não se posiciona claramente sobre a violência ocorrida: “procuramos evitar interferência na política estudantil, sem dispensar orientações que promovam a boa convivência de nossos acadêmicos. (…) Esclarecemos, também, que está garantida pela PUC/RS a normalidade das atividades acadêmico-administrativas.”

As denúncias já foram feitas e as mulheres estão recebendo apoio e acompanhamento judicial. Já foram acionados o Ministério Público Federal, a Câmara Municipal de Porto Alegre e a delegacia de mulheres do Rio Grande do Sul.

Problema antigo

Não é a primeira vez que os estudantes da PUC-RS são vítimas de agressões por parte do grupo político que compõe o DCE. Já houve indícios de ameaças de estupros e mortes, além de constantes fraudes em eleições. Um relatório realizado pela subcomissão da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul realizado nos anos de 2004 e 2005, conclui esses indícios:

“De forma exemplificativa, como contribuição para posteriores investigações e com base nas evidências e indícios identificados, podem ser salientados os seguintes pontos (1) as eleições para os centros acadêmicos e diretório central dos estudantes da PUC/RS não são livres e democráticas (2) existem indícios de que a Reitoria da PUC/RS interfere nas entidades de representação estudantil (3) existe, por parte da Reitoria da PUC/RS, censura prévia às manifestações estudantis (4) a contribuição compulsória é uma das fontes de sustentação financeira do DCE da PUC/RS (5) existem indícios de que as bolsas estudantis são usadas politicamente para coptação e neutralização dos estudantes e (6) existem indícios de ação em quadrilha, configurada pela prática de ameaças, violência e coação física contra estudantes. A lembrança do assassinato do estudante Fábio Borba tem sido usada sistematicamente como meio de intimidação dos estudantes. É fundamental investigar profundamente este homicídio, ainda não esclarecido.”

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